terça-feira, 6 de fevereiro de 1998
querida marilyn,
como tens estado por aí?
defino a vida como se fosse um comboio. nada que me prenda, nada que me deixe livre de tudo isto. tenho saudades tuas, espero um dia viajar e conhecer este teu mundo tão feliz, como tu dizes.
sabes? sabes o que estive a fazer na noite anterior? estive a ler os teus poemas e a tentar rever as tuas fotos. admito ter deixado cair algumas lágrimas e ter pensado na última vez que te ofereci um ramo de rosas vermelhas. distinguias-te de todos e de tudo. não havia ou melhor não há definição para ti.
o teu pai continua negro, com umas olheiras brutais. tenho pena, tenho pena de não poder ajudar. a vida não anda fácil, e por mais triste que seja, ele anda sempre vestido com a tua t.shirt “you can do it” (aquela tal que tu desenhaste, quando completaste os teus dezasseis anos, lembras-te?).
tenho saudades das nossas idas à praia de mãos dadas como se fôssemos namorados. tenho saudades de quando tu deixavas um pouco de cor dos teus lábios na minha face. tenho saudades de jogar o jogo do cigarro “a dança do fumo”. tenho saudades das nossas aventuras de manhã até à noite. recordas-te daquele episódio da mary? quando tentou roubar um par de meias pretas à joanne, e que supostamente o pai dela a apanhou? coitada, admito ter sido um episódio cómico. tenho saudades de dormir em tua casa e tentar escrever um livro contigo. e o título para amanhã? não havia. bem longe do mundo, bem longe do sol. tenho saudades. um dia, um dia espero ir ter contigo ao teu novo habitat. hoje vou entregar-te mais um ramo de rosas vermelhas, daquelas que tu adoravas. e vou ganhar forças para poder ir visitar a tua campa ao cemitério, prometo.
amo-te, john.
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